terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Harry e seu fãs | Melissa Anelli



Ainda afetada pela minha recente injeção dupla de J.K. Rowling, decidi que este seria o momento propício para ler Harry e seus fãs, que retrata as experiências de fãs de Harry Potter em paralelo com os livros (e filmes lançados até aquele momento) sob o ponto de vista da master de um dos maiores fansites da série, o The Leaky Cauldron.

Na época em que comprei esse livro, achei que ele era um must have, considerando que esta era a história dos fãs contada por uma fã. De fato, é bem fácil se identificar com as emoções de Melissa trazidas à tona pelas mãos mágicas de J.K., principalmente se você mergulhou de cabeça nesse mundo.

Durante esta leitura muitas vezes eu me via viajando em minha própria história com Harry, lembrando de todas as oportunidades e amigos que esses livros me proporcionaram mesmo que indiretamente. Harry Potter me despertou um amor pela leitura e pela escrita que eu nem sequer imaginava existir em mim.

O livro não segue uma linearidade, então, se assim como eu,  você não estiver tão familiarizado com as datas dos lançamentos dos livros e filmes, isso pode te causar uma certa confusão.

Confesso que alguns capítulos me pareceram bastante tediosos e desnecessariamente detalhados, principalmente o que conta sobre a guerra dos ships Harry/Hermione x Hermione/Rony (e toda vez que isso era mencionado me dava sono) e eu não consegui evitar de pular esse capítulo. Mas essa impressão pode, talvez, ser explicada pelo fato de que esse assunto não me interessa nem um pouco.

O quinto capítulo foi, na minha opinião, o mais interessante, mostrando como o avanço da internet e o aumento da comunidade Potter se deram juntos e como a J.K. lidou com o surgimento das fanfics - eu não fazia ideia de que a Anne Rice tinha entrado com medidas para combater fanfics sobre suas obras.

Uma coisa que me deixou imensamente feliz foi ter lido uma menção ao fansite brasileiro Potterish.com no finalzinho do livro. Mesmo que eu já não acompanhe tanto o Potterish - ou qualquer outro site relacionado - ele teve uma grande importância no início na minha vida de fã. Quando eu me tornei ávida por informações sobre Harry Potter, era a primeira página que eu visitava quando me conectava à internet.

Definitivamente acho válida a leitura desse livro, não só por Potterheads mas também por pessoas de qualquer fandom, Ele conta ainda com um prefácio da Joanne, o que pra mim é praticamente um selo de qualidade.




Fonte da imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWWREGipFHl3OtGoo5RAlCvQOxGNwzdX5pe0ynASqH5VBJMDDefw3UWJDRoGd1eQs2FKTLgJYtHONrJeIg1mup79C86W31YxvnqFn7ee7s1GK72p1CaBF6KrLwx3htVfdc1SKLidmQrzU/s1600/harry-e-seus-fas-capa1.jpg

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Closer | Oh My Girl



Sabe quando você começa a ouvir uma música despretensiosamente e de repente percebe que já ouviu tantas vezes que ela se tornou o mais novo hit da sua vida?

A minha experiência mais recente desse tipo foi com a música Closer do grupo sul-coreano Oh My Girl. Mas não sem razão. A melodia é linda, o videoclipe encantador, os vocais doces e a letra emocionante.

É como se tudo isso fosse combinado num tipo de encantamento pra fazer o expectador se apaixonar pelo grupo.

A outra música delas, Cupid, é ótima também, mas com uma pegada diferente, mais agitada.

Eu definitivamente vou manter um olho nelas e esperar pra ver o que 2016 reserva pra esse grupo tão fofo.






terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Reluzente


Ela estava atrasada e sabia disso. Tentava apertar o passo o máximo possível, mas seus pés pareciam feitos de chumbo e a mochila pesada e a chuva torrencial que caía não ajudavam em nada.

Yves a essa altura deveria estar tentando telefonar para ela como louca, mas ela não se atreveria a tirar o celular do bolso ali, não era seguro. Também não era totalmente sua culpa estar atrasada - talvez só um pouco, mas afinal, aqueles vídeos no Youtube estavam tão interessantes que ela não viu a hora passar, quando deu por si já tinha passado meia hora do horário que planejou sair.

Ela esquecera totalmente o quanto o trânsito na cidade ficava ruim durante o Carnaval por causa dos blocos. Depois de mais de meia hora sem que o ônibus se movesse mais de um metro, ela desistiu e resolveu percorrer a distância que faltava a pé, mas já estava se arrependendo.

Se essa viagem para São Paulo não estivesse combinada a meses, e as passagens já compradas, ela teria dado meia volta e corrido de encontro à sua casa aconchegante e seu cobertor quentinho, mas ela não faria isso com Yves.

O relógio digital da rua avisava que ela rinha 15 minutos antes do embarque. À sua frente já era possível divisar as luzes brilhantes da rodoviária, então respirou fundo e colocou mais empenho na sua caminhada.

De repente se assustou com uma gritaria às suas costas e olhou para trás. Parecia que outros pedestres estavam sendo assaltados. Com medo de ser a próxima vítima, ela começou a correr desabaladamente. Não fazia ideia de onde tinha arrumado força pra isso.

Ao chegar no meio fio, ela mandou a cautela pelos ares e continuou em disparada na ânsia de chegar àquele prédio tão almejado e se safar dos possíveis bandidos.

Talvez ela acreditasse seriamente que conseguiria, mas a sua empreitada terminou com ela sendo atirada ao chão por um carro que só não lhe fez estrago maior porque o motorista conseguiu frear bruscamente.

Ela ficou ali sentada, com a bunda - que havia amortecido a queda - doendo e sem saber direito o que aconteceu. Seu atordoamento deu tempo para que a pessoa que dirigia o carro saísse para saber como ela estava,

A voz masculina lhe perguntou se estava bem, ela virou-se para ele e quase cegou-se com o halo prateado que parecia emanar dele - ou talvez fosse apenas o fato de que ele estava contra a luz do poste.

Mabushii*, ela murmurou inaudivelmente numa piada interna consigo mesma.

Só quando o homem radiante repetiu a pergunta foi que ela saiu de seu torpor e, dando-se conta de onde estava, levantou de um salto. O movimento repentino a fez soltar um gemido de dor e quase voltou ao chão, sendo segurada pelo estranho.

Desvencilhando-se dele como se seu toque a tivesse queimado, ela murmurou apressadamente um "Está tudo bem! Eu estou bem!" e pôs-se novamente a correr até estar em segurança na rodoviária.

Mais tarde, quando já estavam confortavelmente sentadas em seus respectivos assentos no ônibus, ela contava sobre o homem brilhante à amiga perguntava mal-humorada se ela tinha certeza de que não tinha batido a cabeça.


*Mabushii significa reluzente/brilhante em japonês. Quis brincar com uma alusão ao anime Yamato Nadeshiko, onde a protagonista vive atordoada com as "criaturas brilhantes" com as quais tem que conviver.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Carnaval



Carnaval chegando e eu sentindo uma animação que há tempos eu não sentia. A sensação é parecida com sentar para assistir um desenho animado que há muito tempo não via ou reencontrar um amigo de infância querido.

Mas o meu afastamento não se deu pelo desinteresse natural do tempo ou por uma mudança de endereço. Não. O que aconteceu foi que houve uma época da minha vida que eu me fiz acreditar que precisava desprezar tudo aquilo que fosse típico do gosto popular. Precisava ser exclusiva, diferente. Sem contar que eu achava carnaval não me agregava nada culturalmente e músicas alegrinhas não eram bem vindas no meu dark side. Eu era boa demais pra isso.

A verdade é que eu estava apenas sendo arrogante pensando assim, preocupada demais em me enquadrar no círculo de pseudointelectuais que não se misturam com a "gentalha", que abomina estilos musicais populares e só lê clássicos.

A gente passa muito tempo tentando ser bom o suficiente aos olhos dos outros mesmo que isso nos custe a nossa personalidade. A gente passa tempo demais tentando agradar todo mundo e nos esquecemos das nossas próprias necessidades e todo esse esforço nem sequer faz diferença porque as outras pessoas nunca ficam satisfeitas. Elas sempre encontram algum defeito para apontar. E já que é assim, já que elas não se satisfazem, porque então se esforçar tanto pra agradá-las?

Eu comecei a me questionar isso e cheguei a conclusão de que a minha felicidade não merece ser sacrificada em favor de quem não respeita a minha necessidade de ser como eu bem quiser.

Foi só um dos muitos primeiros passos pra abraçar quem eu realmente sou e deixar de me privar de coisas que gosto para manter uma imagem que não é minha.

Falando dessa forma mais parece que eu sou uma apaixonada por carnaval, mas não é pra tanto. Não em relação a blocos, pelo menos. Eles me dão agonia porque detesto multidões e detesto a perspectiva de ser sufocada por elas. É um desespero quase claustrofóbico e me falta o ar só de imaginar, então definitivamente não por isso que o carnaval me atrai. O que realmente chama minha atenção nesse universo são as cores, o brilho, as alegorias, a emoção de desfilar sob uma música empolgante defendendo sua agremiação ou apenas por diversão.

Mal posso esperar pelos desfiles e para ver minha escola querida – Portela – brilhando na avenida.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O Chamado do Cuco | Robert Galbraith



Mais uma vez a senhora Joanne entra em cena. Desta vez disfarçada sob o pseudônimo de Robert Galbraith e com um romance policial.

Imagina descobrir que sua autora favorita da vida resolveu embarcar em um dos seus gêneros literários favoritos? Obviamente eu fiquei bastante animada com a perspectiva e quis logo conferir. Na época em que comprei o meu exemplar, já tinha sido revelado que era a J.K. por trás de tudo então não tive nenhuma surpresa pós-leitura. Na verdade eu já o tinha há bastante tempo, mas só resolvi pegá-lo pra ler agora.

 
Nesta narrativa acompanhamos a vida de Cormoran Strike – detetive particular meio falido – que é contratado para investigar o suposto suicídio de uma supermodelo, com a ajuda de sua secretária temporária, Robin.


Primeiro de tudo, O Chamado do Cuco é bem divertido e você se afeiçoa a Strike e Robin imediatamente. Esse livro é o extremo oposto de Morte Súbita, mas em nada se parece com Harry Potter também (não que possa se fazer realmente uma comparação entre essas obras).

Encontrei durante a leitura diversas referências a Morte Súbita e algumas delas, tenho certeza, não teria conseguido pescar se não tivesse lidos os dois em sequência. Só para citar um exemplo bem explícito, Strike nomeia o arquivo do caso no qual está trabalhando como Morte Súbita.

O meu personagem favorito é o estilista e melhor amigo da modelo morta, Guy Somé. O capítulo em que ele se encontra com o detetive é ao mesmo tempo um dos mais tocantes e divertidos, as emoções dele vão de zero a cem durante toda conversa. Nós conseguimos ter uma boa noção do quão sensível ele é por trás de sua língua afiada.

Confesso que estou ansiosa para ler o próximo livro, O Bicho da Seda, e saber o que mais Strike e Robin vão aprontar. Uma coisa que me deixou meio encucada foi o fato de Strike parecer ter uma história mal resolvida com seu pai – que vai além dele ser um filho fora do casamento. Será que J.K. vai explorar essa questão nos próximos volumes?

Vocação para o Mal, terceiro volume da série, foi lançado no final de 2015 no Reino Unido e nos EUA e deve chegar às livrarias brasileiras em abril deste ano. Talvez eu devesse esperar mais um pouco e comprar logo os três livros em versão capa dura. Mal posso esperar!




Fonte da imagem: http://isuba1-a.akamaihd.net/produtos/01/00/item/116041/4/116041488_1GG.jpg

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Morte Súbita | J.K. Rowling


Durante a leitura de Morte Súbita, eu fui me dando conta do quanto eu subestimei esse livro e a J.K. Depois de ter algo leve e divertido como Harry Potter, é de se esperar que haja um choque - e até um certo desagrado - quando pegamos um livro denso como este. Já havia tentado ler Morte Súbita e detestei. Parei antes de chegar a metade e nem pensava em tentar de novo.

Agora eu me dou conta de que o livro não é nem de longe ruim, mas acredito que às vezes é necessário esperar o momento certo para se fazer tal coisa, seja ler um livro, assistir um filme ou embarcar num relacionamento.

A coisa mais sensata que eu fiz foi ter dado uma nova chance e ter deixado a genialidade da J.K. me brindar com essa história. Foi uma leitura feita com uma cabeça totalmente diferente de alguns anos atrás e fez toda a diferença.

O livro trata de perdas, e a morte de Barry Fairbrother ajuda a ilustrar isso, em diversos aspectos. É retratada tanto a perda de um ente querido quanto a perda de oportunidades, confiança e liberdade.

Uma boa parte de seus personagens é desprezível. Eles podem ser inicialmente desprezíveis e aos poucos se tornarem cativantes, podem ir tornando-se desprezíveis no decorrer da história e podem ser integralmente desprezíveis. Mas a grande verdade é que não estão muito distante dos personagens da vida real.

O livro se encerra tragicamente, mas dessa forma ele abre os nossos olhos para as consequências do descaso, da omissão, da negligência. Os "Isso não é problema meu", "Não é da minha conta", "Eu não tenho nada a ver com isso", entre outros, podem custar muito caro, mesmo que necessariamente não sejamos nós a pagarmos o preço.

Minhas personagens favoritas são Sukhvinder Jawanda, Krystal Weedom e - para a minha grande surpresa - Samantha Mollison. Me atrevo a dizer a dizer que de uma forma ou de outra, elas encontraram a sua redenção e simpatizo com elas porque, no fundo, é isso que todos nós buscamos.



Fonte da imagem; http://leitoresdepressivos.com/wp-content/uploads/2014/04/morte2.jpeg